"Quem quer tornar-se cidadão dos céus faça-se hóspede do deserto"
repetidos ritos
nada mais parece ser
assim o é
nada dura eternamente
a simples mente
simplesmente
falseia, confunde, tortura, nubla
sim, assim sigo sozinho
de maneira turva e penosa
os caminhos da crença e da fé
mas como explicar algo
que não se pode tocar?
como viver, se o fim é morrer?
pelo que lutar, se a derrota é inevitável?
o que nos leva a adiar o inadiável?
tantas perguntas, sem nenhuma resposta
talvez seja um impulso odioso
mas que nada de novo
de novo me mostra
além de um suspiro teimoso
pulso que ainda pulsa valente
com uma força que ainda ressoa
trêmula, ofegante, insistente e renitente
não consigo enxergar além da paixão
nem daquilo que atravessa meus olhos
mas meu coração tem o poder
de suplantar e encantar a razão
gritando bem alto, ele proclama
a surdez de monólogos interditos
entre tudo que for inaudível
sequer pensado ou desejado
com a mesma rispidez de malditos
loucos, nobres delirantes
confessos meliantes
ou pobres amantes
não importa
para mim tanto faz
se sonhar for ainda
remédio eficaz
ou um doce placebo
capaz de reverter
o reverso do irreversível
e assim prossigo
na busca errante
por um caminho possível
mesmo tortuoso, sinuoso,
quiçá perigoso
cujo destino me leve
ao clamor da alma leve
para que então
sem dó, pena ou dor
apenas alcance minha paz
e nada mais
nada mais parece ser
assim o é
nada dura eternamente
a simples mente
simplesmente
falseia, confunde, tortura, nubla
sim, assim sigo sozinho
de maneira turva e penosa
os caminhos da crença e da fé
mas como explicar algo
que não se pode tocar?
como viver, se o fim é morrer?
pelo que lutar, se a derrota é inevitável?
o que nos leva a adiar o inadiável?
tantas perguntas, sem nenhuma resposta
talvez seja um impulso odioso
mas que nada de novo
de novo me mostra
além de um suspiro teimoso
pulso que ainda pulsa valente
com uma força que ainda ressoa
trêmula, ofegante, insistente e renitente
não consigo enxergar além da paixão
nem daquilo que atravessa meus olhos
mas meu coração tem o poder
de suplantar e encantar a razão
gritando bem alto, ele proclama
a surdez de monólogos interditos
entre tudo que for inaudível
sequer pensado ou desejado
com a mesma rispidez de malditos
loucos, nobres delirantes
confessos meliantes
ou pobres amantes
não importa
para mim tanto faz
se sonhar for ainda
remédio eficaz
ou um doce placebo
capaz de reverter
o reverso do irreversível
e assim prossigo
na busca errante
por um caminho possível
mesmo tortuoso, sinuoso,
quiçá perigoso
cujo destino me leve
ao clamor da alma leve
para que então
sem dó, pena ou dor
apenas alcance minha paz
e nada mais
(rodrigo cruz)
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
(Carlos Drummond de Andrade - Os Ombros Suportam O Mundo)
asé!
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
(Carlos Drummond de Andrade - Os Ombros Suportam O Mundo)
"paz, amor e harmonia"
asé!
.i.i.
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