segunda-feira, 24 de agosto de 2009

mais máximas minimalistas (volume 3)

sem nome:

diz-me com quem andas
que dir-te-ei porque se escondes

re-visão:

das sombras ao pó

as dúvidas contumazes são
as mazelas necessárias
para a maturidade
permitindo ao espírito

superar a derrota
suportando então
todas as formas de decepção

alcançando assim
a redenção

apenas por um motivo:

risco letras por nada

sinto falta do que nunca vivi
ávido por novidades
sigo em um duelo com o desconhecido

procuro, encaro, enfrento
desafios / conquistas / derrotas / amores
companheiros de jornada
mas bem sei que
no fundo, afinal
o final
é sempre assim
esgrimindo sozinho
(eu e minha mente)
esta história
se dá por encerrada

(in) justiça social:

ao flanar por uma rua estreita
avisto um mendigo, caminhando trôpego em sentido oposto
o mendigo me encara com suas roupas puídas e mal ajambradas
mas eu, confuso, com meu tenis de grife, casaco importado e perfume francês
rapidamente desvio o olhar
assim nos cruzamos e seguimos nossos caminhos
após esse curto incidente, me pergunto:
qual alma estaria mais limpa?



ciclos (anti)naturais:

sou eminentemente noturno

e preciso do sol
mas não reflito nada

o ar rarefeito rareia
enquanto rateio o tempo
a vida por mim passeia


categorias líricas de sacrifício:

para uns, escrever é um dilema

outros declamam com lânguida emoção
há sempre os esmerados catedráticos
destrinchando cada linha e verso
para mim é isso tudo e muito mais
há algo além que é deveras complexo
tem o seu quê de ritual, exorcismo, dor
meu sagrado ofício

rebelião:
nada tenho a acrescentar
não saberia pelo que lutar
nesse mundo conturbado
não há maior revolução explodindo
do que aquela eclodindo
aqui dentro de mim


a-identidade: (v-beta)

uns me olham com ironia
me ofendem
achando graça
já outros fazem troça
não sou boleiro, playboy
neo-hippie ou maloqueiro

quem sabe rimador ou ator?
é difícil saber

talvez pela timidez inata
deste ser atormentado

instigado por estímulos
imediatos, instantâneos
que pautam meus
atos, relatos e contatos

com o mundo
com os outros
com a vida

contigo
há alguma dúvida?
você duvida?

" Não podes ver o que és.
O que vês é a tua sombra."

(Rabindranath Tagore)

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